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O Jovem no Brasil

'O JOVEM NO BRASIL NUNCA É LEVADO A SÉRIO'

Por Izabela Malagola, Luma de Paula e Maria Eduarda Silva

A letra da música "Não é Sério", da banda Charlie Brown Jr., reflete uma verdade que ainda ecoa. O compositor Chorão, então vocalista, escreveu o sentimento de uma geração que se sente desamparada e não representada. Mais de 20 anos após o lançamento da canção, essa realidade permanece. E isso não acontece por falta de interesse dos jovens, mas por uma combinação de fatores que os mantêm distantes do espaço político que deveriam e gostariam de ocupar.

Para o diretor executivo Rodrigo Cobra, “no mundo da política, a idade é um fator de separação, de segmentação. São poucos os espaços em que o jovem é realmente recebido e isso muitas vezes faz com que ele perca a emoção de participar.” 

Conforme inciso II, §1º do art. 14 da Constituição Federal, os jovens de 16 e 17 anos têm direito ao voto facultativo. Esse direito foi estabelecido em 1988, após a ditadura militar, como parte do processo de redemocratização do país e inclusão de mais grupos na política. No entanto, a participação dos jovens no cenário político tem sido marcada por altos e baixos. Em 1992, por exemplo, 3,2 milhões de jovens compareceram às urnas. Após o impeachment do então presidente Fernando Collor, em 1994, esse número caiu para 1,1 milhão​.

Desde 1990, os jovens têm representado entre 1,5% e 2,5% do eleitorado nacional, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Essa porcentagem revela que, apesar de terem o direito, muitos ainda não se sentem motivados a participar. Ainda assim, há sinais de uma possível mudança, entre 2018 e 2022, houve um aumento de 52,3% no comparecimento dos jovens de 16 e 17 anos às urnas. Mais de 2,1 milhões estavam aptos a votar em 2022, e, desse total, 1,7 milhão realmente participaram, indicando um desejo de mudança e de engajamento que precisa ser incentivado​.

Fora isso, existiu um aumento no protagonismo feminino nesse movimento, pois nas eleições de 2022, a média de eleitoras jovens foi de 489 mil, enquanto a de eleitores do sexo masculino foi de 387 mil​. Essa disparidade é um reflexo do desejo das jovens mulheres de participarem ativamente das decisões que afetam suas vidas.

Para a juventude que, muitas vezes, não encontra lugar de participação, é importante destacar que a política se faz de muitas formas, e que, a ação política se faz presente em outros cenários sociais e culturais, como destaca Cobra. “Enquanto jovem, será que as pessoas percebem que ajudar em uma ONG ou em uma ação social, é política? Isso porque, jovens fazem várias ações que são políticas e sequer percebem. E quando entendemos isso, percebemos que talvez o jovem não esteja tão distante da política, ele só está distante da política institucionalizada.” 

Reconhecer que a política não se dá apenas no dia da eleição é o primeiro passo para quem deseja ter mais participação política. “Tudo o que a gente puder desconstruir de que política é o dia da eleição, o ano eleitoral ou a pré campanha, é importante que se desconstrua. Porque isso é apenas um momento institucionalizado e de certa forma já elitizado, e por isso, outras formas de manifestação também precisam ser encaradas como política ", reforça Cobra. 

A VISÃO SOBRE O JOVEM

Chorão e os compositores parceiros abordaram na música “Não é Sério” (2000) os desafios de ser jovem no Brasil e alguns dos dilemas enfrentados por essa geração. A letra "O jovem no Brasil nunca é levado a sério. Eu vejo na TV o que eles falam sobre o jovem, não é sério, não é sério" (Charlie Brown Jr., 2000) reflete o sentimento de uma parte da juventude sobre como são vistos pela sociedade e pelas instituições.

A política frequentemente falha em criar canais de comunicação coerentes

e participação efetiva. O que muitas vezes se vê são práticas políticas que não dialogam com os jovens, como a falta de transparência, o atendimento de interesses eleitoreiros, o esvaziamento dos conselhos consultivos municipais, estaduais e nacionais voltados para crianças, adolescentes e juventude, além da ausência de políticas públicas que atendam às necessidades urgentes da juventude.

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No Brasil, a juventude vem se afastando cada vez mais da participação política, seja na política representativa ou em movimentos estudantis, entre outros. Esse distanciamento pode ser explicado, em parte, pela forma como governantes e representantes tratam os jovens.​

Questões como o primeiro emprego, educação, profissionalização e participação cidadã na política local, estadual e nacional continuam sendo desafios não adequadamente enfrentados, segundo os Relatórios do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).

Os Três Poderes

Por Izabela Malagola

A política e o governo podem parecer assuntos distantes ou complicados, mas os Três Poderes estão presentes no dia a dia de todos, influenciando decisões e ações que moldam a vida cotidiana. Entender como funcionam e o que representam é importante, assim como afirma o Politize.

A ideia dos Três Poderes foi criada por Montesquieu, um filósofo francês que acreditava que para evitar abusos de poder, o governo deveria ser dividido em diferentes funções, cada parte tendo uma responsabilidade específica e a capacidade de equilibrar as outras. É daí que surgem os Três Poderes: o Executivo, o Legislativo e o Judiciário.

Esses poderes foram incorporados em várias constituições ao redor do mundo, incluindo o Brasil. O Portal da Transparência afirma que eles desempenham funções específicas e trabalham em harmonia para assegurar a justiça e a eficiência do governo.

Foto: Politize

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Poder Executivo

​O poder Executivo é o responsável por governar e administrar o país. No Brasil, ele é chefiado pelo presidente da República no nível federal, pelos governadores nos estados, e pelos prefeitos nos municípios. Essas figuras são eleitas pela população para liderar a execução de políticas públicas e gerir os recursos disponíveis.

Imagine que o país é como uma grande empresa, e o Executivo é o CEO. Ele é quem toma as grandes decisões, estabelece as prioridades, define os projetos e é o responsável por executar as leis que foram aprovadas, incluindo desde a construção de escolas e hospitais até a implementação de programas sociais.

No cotidiano, o poder Executivo pode afetar diretamente a vida das pessoas. Por exemplo, quando há um problema na coleta de lixo na cidade, é o prefeito e a equipe que precisam resolver. Se uma nova lei para aumentar o salário mínimo é aprovada, é o presidente quem sanciona e faz com que ela entre em vigor.

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Foto: Shutterstock

Poder Legislativo

O poder Legislativo é o que tem a função de criar, debater e aprovar leis. Ele também fiscaliza as ações do Executivo para garantir que o governo esteja fazendo o trabalho de maneira correta e ética.

No nível federal, o Legislativo é formado pelo Congresso Nacional, que é dividido em duas partes: a Câmara dos Deputados e o Senado Federal. Os deputados representam a população de cada estado, enquanto os senadores representam os estados em si. Cada município também tem uma Câmara de Vereadores, que trabalha da mesma maneira, mas em um nível local.

 

No processo de aprovação de uma lei, os deputados debatem, ajustam a proposta, e depois votam para aprová-la. Quando aprovada, essa lei se aplica a todos e precisa ser seguida, mostrando o impacto direto do Legislativo no dia a dia.

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Poder Judiciário

O poder Judiciário é o responsável por interpretar e aplicar as leis. A função é garantir que todos, incluindo o próprio governo, sigam as regras estabelecidas. Quando há um conflito, é o Judiciário que decide quem está certo e quem está errado com base nas leis.

As cortes brasileiras, desde os tribunais estaduais até

o Supremo Tribunal Federal (STF), são responsáveis por fazer essa justiça

acontecer. O STF, por exemplo, é o tribunal mais alto do país e tem a

responsabilidade de interpretar a Constituição, garantindo que ela seja aplicada

corretamente em todas as situações.

 

Por exemplo, quando você compra um produto on-line e ele não é entregue como prometido, você entra em contato com a empresa, mas não recebe uma solução. A partir daí, o Judiciário entra em ação, e o juiz pode obrigar a empresa a cumprir o contrato ou devolver o dinheiro. Esse é um exemplo simples de como o Judiciário garante o respeito aos direitos da população brasileira.

Foto: Blog Gestão de Segurança Privada

Como os Três Poderes trabalham juntos?

Os Três Poderes foram criados para equilibrar o poder entre si, pois nenhum deles pode fazer tudo sozinho, e cada um tem a capacidade de controlar e ser controlado pelos outros. Esse sistema é chamado de freios e contrapesos.

Com base nas informações do site Consultor Jurídico, o Legislativo pode criar uma lei, mas o presidente (Executivo) pode vetá-la se achar que ela não é boa para o país. Se o Legislativo discordar do veto, ele pode derrubá-lo com uma votação. Se ainda houver dúvidas sobre a legalidade da lei, o Judiciário pode ser acionado para avaliar se ela está de acordo com a Constituição.

Esse sistema garante que nenhum poder possa dominar o outro e que o governo funcione de maneira equilibrada. É como um jogo de tabuleiro, onde cada jogador tem peças e funções, mas todos precisam seguir as mesmas regras para o jogo funcionar bem.

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Explicando os cargos políticos

Por Maria Eduarda Silva

Vereadores

Esses são os que atuam nas Câmaras Municipais e representam os interesses da população da cidade. De acordo com o portal da câmara dos deputados, a quantidade de vereadores de cada cidade varia de acordo com a população de cada município. O cálculo é feito de acordo com o Artigo 29 da Constituição, que determina o limite de vereadores em função de cada cidade.

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Esses limites foram estipulados visando a representação proporcional à população de cada município. Assim, cidades maiores, possuem maior número de vereadores, enquanto cidades menores, possuem número menor de cadeiras. 

De maneira prática, os vereadores são aqueles que representam o interesse do povo e diz ao executivo e ao judiciário aquilo que precisa ser feito, como explica o cientista político Luís Mauro Sá Martino “Ir de casa para o trabalho é uma ação política, porque se a pessoa tem uma rua que está cheia de buracos e precisa ser arrumada, cabe a câmara dos vereadores destinar a verba necessária para que a obra seja feita.”​

Deputados Estaduais

Esses trabalham nas Assembleias Legislativas e representam os eleitores de cada estado.  O Jus Brasil exemplifica que número de deputados estaduais é calculado de forma proporcional à representação do estado na Câmara dos Deputados (deputados federais). O Artigo 27 da Constituição prevê que o número de deputados estaduais é baseado no número de deputados federais, porém com uma proporção fixa. 

No site da Câmara dos Deputados é possível ver quantos deputados existem em cada estado brasileiro.

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Para estados que elegem um número elevado de deputados federais, a regra muda um pouco para ajustar a proporção. A partir de um determinado limite, a proporção não segue exatamente o triplo. A Constituição define um teto, que regula essa proporção para estados maiores.

Exemplo de Proporção:

  • São Paulo: Como São Paulo tem o máximo de 70 deputados federais, a regra do triplo (70 x 3) indicaria 210 deputados estaduais. No entanto, o número real de deputados estaduais em São Paulo é 94, respeitando o ajuste constitucional.

Estados com Menor População:

  • Roraima: O estado tem o mínimo de 8 deputados federais, e, aplicando a regra do triplo, Roraima tem 24 deputados estaduais.

 

Deputados Federais

Fazem parte da Câmara dos Deputados, em Brasília, representando os estados e o Distrito Federal no Congresso Nacional. A distribuição segue a regra estabelecida na Constituição e busca garantir a representatividade, tanto para estados mais populosos, como para estados menores. 

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Senadores

Os senadores têm papel importante no processo legislativo e na fiscalização do poder Executivo, entretanto, possuem atribuições diferentes do poder Legislativo. Algumas atribuições dos senadores são: aprovar nomeações feitas pelo Presidente, como ministros de tribunais superiores e embaixadores; julgar o Presidente, em casos de crime de responsabilidade; analisar e aprovar tratados internacionais e aprovar leis, juntamente com os deputados federais.

No portal de notícias do Senado é possível ver como o cálculo do número de senadores é feito. Cada estado tem três senadores e isso independe do tamanho populacional. No total, o Senado Federal é composto por 81 senadores e o mandato é de oito anos. Muitas vezes, isso gera confusão, uma vez que as eleições acontecem a cada quatro anos. Isso ocorre porque os senadores não são eleitos todos de uma vez. A cada eleição, dois terços das cadeiras são renovadas (isso equivale a 54 novos senadores) e na eleição seguinte, o terço restante (27 senadores).

Para o portal do senado, o consultor Fernando Trindade explicou que “a renovação de dois terços e um terço a cada quatro anos para um mandato de oito anos vem da Constituição de 1946. Comum em outros países de sistema bicameral, o mandato de oito anos tem o objetivo de garantir estabilidade, em especial em tempos de crise política ou institucional.”

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Eleições legislativas e coeficiente eleitoral

As eleições para esses cargos (vereadores, deputados estaduais e deputados federais) são chamadas de proporcionais. Isso significa que os votos não elegem diretamente o candidato mais votado. O que vale é a quantidade de votos que cada partido ou coligação (união de partidos) recebe.

De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, o coeficiente eleitoral é a fórmula que define quantos votos são necessários para que um partido ou coligação consiga eleger um de seus candidatos.​ 

​​O coeficiente eleitoral faz com que, em alguns casos, um candidato que recebeu menos votos consiga entrar, enquanto outro que recebeu uma quantidade maior de votos, não entre, pois o partido não atingiu o número necessário de votos válidos. Essa regra torna o processo mais justo para partidos menores, pois é o conjunto de votos no partido que conta, e não apenas o voto no candidato individual.

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Cargos executivos: governo e administração

Os cargos executivos são aqueles que a maior parte das pessoas conhece. A principal função de quem ocupa esses cargos é governar e executar as leis. Os principais cargos são:

  • Presidente da República (nível federal);

  • Governadores (nível estadual);

  • Prefeitos (nível municipal)

É importante destacar que apesar de possuírem o cargo executivo, eles não podem governar sozinhos e por isso os outros poderes interferem diretamente no que é feito ou não no país, estado ou município.

Seguindo o exemplo apresentado por Martino, é o poder Executivo que diz se a obra da rua com buracos será feita: “Para que a rua seja asfaltada, o prefeito precisa negociar com a câmara para que a verba seja destinada, além de consultar os vereadores para entender quais as necessidades mais urgentes. Por isso os poderes trabalham juntos.”

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Cargos judiciários: garantindo a justiça

Os cargos do Judiciário têm uma característica muito diferente dos legislativos e executivos: eles não são eleitos diretamente pelo povo. No Brasil, juízes, desembargadores e ministros de tribunais superiores ocupam cargos após passarem por concursos ou indicações.​

Cabe ao Judiciário garantir os direitos individuais, coletivos e sociais e resolver conflitos entre cidadãos, entidades e Estado. Para isso, tem autonomia administrativa e financeira garantidas pela Constituição Federal.

Se o prefeito se negar a asfaltar a rua ou quiser destinar a verba para outro lugar, cabe ao poder Judiciário intervir “O judiciário é o que vai dizer ao prefeito que os recursos precisam ser utilizados para asfaltar a rua. É também nesse cenário, que o prefeito pode buscar apoio da câmara para derrubar alguma medida do judiciário.” afirma o cientista político.

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A independência do Judiciário é essencial para garantir que os juízes possam tomar decisões de forma imparcial, sem pressão política.

De forma prática, os três poderes precisam trabalhar juntos para garantir o bem-estar do povo e a permanência da democracia “Basicamente, o poder executivo que vai colocar a mão na massa e fazer o que precisa ser feito; o poder Legislativo que, representando o povo, vai dizer o que precisa ser feito e o Judiciário que vai dizer se pode e como pode ser feito.”

Manual do voto

Por Maria Eduarda Silva

Em 2022, o Panorama Político, pesquisa realizada pelo DataSenado, mostrou que 53% da população se interessava por política, ou seja, pouco mais da metade. Para os eleitores entrevistados, um dos fatores que mais causavam desinteresse, era o baixo conhecimento sobre os assuntos políticos. 

Esse panorama revela que apesar de exercer a cidadania e o direito ao voto, muitos brasileiros sentem dúvida sobre o universo da política e votam mais pela obrigação do que por realmente acreditarem e compreenderem a importância desse ato. 

 

O que é preciso para votar? 

 

O direito ao voto é um dos pilares da democracia, e no Brasil ele se tornou direito de todos os cidadãos a partir dos 16 anos. Entretanto, de acordo com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o cidadão precisa cumprir alguns requisitos para votar:

  • Ser cidadão brasileiro, nato ou naturalizado;

  • Ter idade mínima de 16 anos. Importante ressaltar que o voto para adolescentes entre 16 e 17 anos é facultativo;

  • Estar em dia com a Justiça Eleitoral, ou seja, não ter nenhuma pendência com o Tribunal Superior Eleitoral- TSE. Uma das pendências que impede o voto é não ter tirado ou regularizado o título de eleitor. 

  • Apresentar documento oficial com foto no dia da eleição (aqui vale RG, CNH, passaporte ou e-Título)​

O voto no Brasil é obrigatório para cidadãos com idade entre 18 e 70 anos. Eleitores acima dos 70 anos e aqueles entre 16 e 17 podem votar de forma facultativa.

Situações em que o título de eleitor precisa ser regularizado

O site do TSE explica que em algumas situações o título de eleitor pode estar irregular, e para exercer o direito ao voto no dia da eleição, é necessário regularizá-lo dentro do período estabelecido pelo órgão. 

As principais formas de irregularidades são o cancelamento ou a suspensão do título e a mudança de domicílio eleitoral. O cancelamento do título acontece quando o eleitor não comparece à votação em três eleições consecutivas e não apresenta justificativa. 

Já a suspensão acontece quando o cidadão está prestando serviço militar, tem condenação criminal definitiva - condenações em que não cabe mais recurso - ou por recusa ao cumprimento de obrigação imposta a todos. 

Para quem mudou de cidade é importante solicitar a transferência do domicílio eleitoral. Com isso, o eleitor passa a votar na cidade em que reside.

Voto em branco e voto nulo

Quando se fala em voto, dois termos geram dúvidas recorrentes: voto nulo e voto em branco. A ausência de conhecimento sobre o que significa o voto nulo ou em branco faz com que muitos eleitores acreditem que eles são contabilizados para o candidato que está na frente na corrida eleitoral, mas isso não é verdade. 

Embora ambos os tipos de voto sejam considerados inválidos para o resultado, ao longo da história suas motivações e interpretações foram diferentes. 

De acordo com o Glossário Eleitoral do TSE, em certo período da história, o voto em branco era considerado válido e simbolizava o voto de conformismo, ou seja, o eleitor estava simbolizando a aceitação em qualquer candidato. Entretanto, depois da Constituição de 1988, o voto em branco passou a não ter relevância para o resultado, não sendo contabilizado para o resultado. Hoje, esses votos são desconsiderados. 

Já os nulos durante algum tempo foram considerados como um voto de protesto, ou seja, o eleitor estava sinalizando que não desejava nenhum candidato. Atualmente, assim como os votos brancos, o voto nulo não é contabilizado no resultado. Também é mito que se mais de 50% dos votos forem nulos, a eleição seria anulada.

Hoje, no Brasil, vigora o princípio da maioria absoluta de votos válidos, conforme a Constituição de 1988. Esse princípio considera apenas os votos válidos, que são os nominais e os votos de legenda, desconsiderando os brancos e nulos. Para o resultado, o candidato eleito é aquele que obtiver maioria dos votos válidos.

Com isso, os votos nulos e brancos acabam apenas constituindo um direito de manifestação de descontentamento, não tendo serventia para o pleito eleitoral. 

No Glossário Eleitoral do TSE é possível conhecer informações sobre diversos tipos de voto.

A urna eletrônica

Um dos marcos da modernização do sistema eleitoral brasileiro foi a implementação da urna eletrônica, em 1996. No dia 3 de outubro, foram realizadas as primeiras eleições com urna eletrônica. De acordo com o TSE, 57 cidades utilizaram as urnas eletrônicas, com os votos de mais de 32 milhões de brasileiros – um terço do eleitorado da época – coletados por cerca de 70 mil urnas.

Essa data separa um passado de fraudes e um novo tempo para a democracia brasileira. Essa inovação trouxe para o sistema eleitoral brasileiro mais agilidade e segurança, além de reduzir fraudes, problema comum quando o sistema utilizava cédulas de papel.

Em todo ano eleitoral, os discursos acalorados colocam em xeque a confiabilidade e segurança das urnas, entretanto, testes realizados em 2009 e 2012 mostraram que nenhuma tentativa de adulteração era possível nas urnas, o que revela a integridade, transparência e segurança do sistema eleitoral brasileiro. Além disso, as urnas passam por um processo de auditoria para garantir a transparência dos resultados. 

Para o portal do TSE, o mestre em Ciência da Computação e analista judiciário do TSE, Rodrigo Coimbra, afirmou que “A urna eletrônica brasileira é um projeto maduro. Nos últimos anos, a Justiça Eleitoral tem organizado eleições seguras, transparentes e muito rápidas, que têm servido de modelo e inspiração para todo o mundo. As eleições e as urnas brasileiras são seguras e confiáveis, seja pelo trabalho árduo da Justiça Eleitoral, seja pelo efetivo acompanhamento de todo o processo pela sociedade.”

A auditoria é um processo que verifica a correção dos dados registrados na urna, e assegura que não houve interferência ou manipulação de resultados. Essa auditoria pode ser feita em várias oportunidades - antes, durante e depois das eleições - por várias entidades responsáveis.

Além das entidades formalmente designadas para esse processo, como a OAB, Ministério Público e Polícia Federal, os cidadãos também podem participar da auditoria e fiscalização das urnas. Para participar, é necessário ficar atento aos procedimentos necessários, que são divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral, alguns meses antes da eleição.

O cientista político, Luís Mauro, explica a importância de compreender o sistema político brasileiro “É importante estudar o sistema desde a infância, porque assim sou capaz de compreender que o mundo funciona pela minha ação também [...] Vou cobrar as pessoas que elegi porque compreendo que esse é um direito, porque ele é meu representante.”

Compreender que o voto é uma forma de cobrar direitos e de bem viver em sociedade, é um passo fundamental e que torna todos cidadãos “Cidadania é seu direito de viver numa coletividade respeitando o direito dos outros e obedecendo as regras do grupo que você ajudou a fazer e que você também ajuda a manter.” conclui.

A política se manifesta em >TUDO<

Por Izabela Malagola

Ao pensar em política, é comum que venha à mente imagens de campanhas eleitorais, escândalos de corrupção e debates no Congresso, mas a verdade é que a política vai muito além disso. 

 

Ela está presente em praticamente todas as ações do cotidiano, mesmo quando não é difícil perceber. Desde as decisões tomadas em grupo até os momentos em que é negociado algo com alguém, a política está sendo praticada, e entender isso pode mudar a forma de ver o mundo à volta.

 

A palavra "política" tem origem no grego politiké, que significa o governo da cidade para o bem comum dos cidadãos. Desde a Grécia Antiga, onde surgiram os primeiros modelos de organização política, a política já era vista como algo ligado ao dia a dia das pessoas. 

 

A especialista Tié Lenzi, licenciada em direito e mestre em ciências jurídico-políticas, em seu artigo publicado no site Toda Política, explica que a política é basicamente o ato de tomar decisões, seja em um nível governamental ou nas relações entre pessoas. Então, quando você se reúne com amigos para decidir onde vão sair ou discute com seus pais sobre alguma questão, você está fazendo política.

 

 

 

 

 

A política não se resume a governos e partidos, ela está em todo lugar, até nas pequenas decisões do dia a dia. Um exemplo prático é quando você e seus amigos precisam decidir onde se encontrar na sexta-feira: um quer ir ao cinema, outro prefere uma pizzaria, e alguém sugere um bar. 

 

Nesse momento, vocês estão negociando e tentando chegar a um consenso que agrade a todos. Vocês estão, na prática, fazendo política. Assim como em um governo, buscam uma solução que contemple o interesse de todos, mesmo que ninguém pense nisso como política.

 

A Za, militante comunista pela Unidade Popular (UP) e pela União da Juventude Rebelião (UJR), resume bem esse ponto:

 

             

Esse conceito de que a política faz parte da vida em comunidade é o mesmo que Aristóteles expressava ao dizer que “o homem é por natureza um ser político”. Em outras palavras, os cidadãos são seres sociais que precisam tomar decisões em conjunto, e é exatamente aí que a política entra: sempre que é preciso resolver um problema ou tomar uma decisão, a política está sendo praticada.

As decisões que impactam a vida de todos também são resultado de políticas, como saúde, educação e transporte. O preço da passagem do ônibus, o número de vagas em uma escola pública, a qualidade do atendimento em um hospital — tudo isso é resultado de decisões políticas.

 

Por exemplo, você pode estar estudando para o Enem e se perguntar: “As escolas públicas estão preparadas para oferecer uma educação de qualidade?” ou “O transporte público vai me ajudar a chegar na faculdade no futuro?”. Essas são questões políticas, pois envolvem decisões governamentais que afetam nosso dia a dia. E se você já ficou revoltado com o ônibus lotado ou porque os livros na escola são insuficientes, você já está, de certa forma, questionando a política.

 

O professor de História e Geografia Aislan Feitosa destaca como é comum as pessoas se distanciarem da política por falta de clareza e informação:

 

 

 

 

 

 

 

Ele complementa que "a geração pós-Twitter se acostumou a ter informações muito rápidas… o limite de caracteres traz informações deturpadas.”, o que evidencia o impacto da velocidade e superficialidade da informação na compreensão política. Segundo ele, "a gente tem que voltar a falar a linguagem das pessoas" para tornar a política mais próxima e acessível, especialmente para os jovens.

Outro ponto importante é que a política não se resume a votar de quatro em quatro anos, ela também é sobre participação. Se há o desejo de mudar algo que não está certo, seja no bairro, na escola ou no trabalho, é possível se organizar e manifestar.

 

Na história do Brasil, manifestações desempenharam um papel fundamental em mudanças significativas. As Diretas Já, na década de 1980, foram um movimento que reuniu milhões de brasileiros exigindo o retorno das eleições diretas para a Presidência, um marco na redemocratização do país.

 

E recentemente, o movimento "Ele Não", em 2018, mobilizou pessoas nas redes sociais e nas ruas contra ideias e posicionamentos que consideravam prejudiciais à democracia e aos direitos humanos. Esses exemplos mostram a união popular como uma forma poderosa de fazer política.

 

 

 

                                                                                   Foto: Freepik

Hoje, um dos principais palcos para discussões políticas são as redes sociais. Se você já usou X, Instagram ou TikTok, com certeza viu discussões políticas por lá. As redes sociais vão além dos temas pesados, como corrupção ou eleições, abordando também questões sobre igualdade de gênero, racismo, meio ambiente e muito mais.

A Za destaca o papel das redes na mobilização dos jovens: "Eu acredito que as redes sociais atualmente são essenciais para propagar ideias, atingir cada vez mais jovens e dar voz a quem antes não conseguia. Mas transformar a sociedade por si só, a rede social não consegue. Só o povo salva o povo".

Ela acrescenta, "as redes permitem opinar, se informar e até participar de movimentos sociais sem sair de casa. Elas abriram espaço para novas vozes, que antes não tinham oportunidade de se expressar”.

O Aislan Feitosa destaca que

 

 

 

 

 

 

 

Essa compreensão amplia o significado da política e reforça a importância

em cada aspecto da vida.

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Eu sou uma dessas pessoas que enxerga que política é tudo. Desde a maneira que você trata alguém que está te servindo no restaurante até votações e âmbitos mais específicos, como você lida com pessoas de classes sociais, de gênero, de raça, de etnias diferentes. Acho que tudo está interligado."

A escola falhou em não acompanhar essa evolução. A própria mídia se leva por esse novo comercial atrás de likes, e isso contribui para a desinformação. A indústria do apelo e das fake news... são muitas camadas… eu acho um caminho assustador de desinformação.” 

A política está presente em tudo, não é algo distante, feito apenas pelos políticos no Congresso. Ela faz parte do nosso cotidiano, das descisões que tomamos em casa, nas nossas interações com amigos, familiares e até nas redes sociais."

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Polarização Política no Brasil

Por Maria Eduarda Silva

A polarização na política tem raízes históricas, não só no Brasil, mas também no mundo. Nos últimos anos, porém, essas ações ganharam maior visibilidade com o avanço das redes sociais. A divisão entre direita e esquerda também não é um fenômeno novo, mas a ascensão de novos grupos políticos e de lideranças autoritárias intensificou a polarização, que não se restringe as esferas partidárias, mas também atinge o cotidiano das relações pessoais. 

 

A partir das manifestações de 2013, que tomaram as ruas em um contexto de insatisfação com o governo Dilma Rousseff, as tensões entre os espectros políticos começaram a se intensificar, e a esquerda, que desde os anos 2000 vinham moldando as ações no país, passou por uma crise. 

Esses protestos sinalizavam uma insatisfação generalizada, mas também expunham uma crescente fragmentação da sociedade brasileira em relação à política. O especialista Luís Mauro explica que “A partir de 2013 há uma crise econômica no Brasil e crises geram descontentamento e com isso surge uma nova direita, que tem outra cara.”

 

É também nesse contexto que as redes sociais tomam lugar importante no cenário político, como explica o professor: “A polarização podia existir antes de 2013, mas faltava uma coisa: visibilidade. Em 2013 existia a visibilidade midiática para processos políticos que, se antes existiam, a gente não sabia.”

 

A crise se intensificou nos anos seguintes e ganhou novos contornos a partir de 2018, com a eleição do ex-presidente Jair Bolsonaro. Com um discurso abertamente de direita, sua vitória nas urnas, embora democrática, foi acompanhada de uma retórica radical, que encontrou eco em uma parcela significativa da população que se sentia desconectada das opções políticas tradicionais. “Com essa nova direita que se molda no Brasil, surge também a extrema direita que até então no Brasil não se ouvia falar. Na esquerda, surge a radicalização e ao mesmo tempo, mudanças em partidos que antes eram de esquerda e se tornam de centro.” 

 

Plataformas como Twitter, Facebook e WhatsApp se tornaram arenas de debates acirrados, com um fluxo constante de desinformação, fake news e ataques entre os diferentes grupos políticos. O uso dessas plataformas não só ajudou a solidificar as identidades políticas, mas também a reforçar a polarização: “Em termos simples, se antes o seu vizinho era de extrema direita ou extrema esquerda, você só saberia se ele te contasse. A partir de 2010, com as redes sociais, ele vai se juntar a grupos, na comunidade virtual, e vai encontrar pessoas que pensam como ele e isso traz visibilidade para causas e grupos.”

Para a geração Z, que nasceu em meio à polarização política brasileira e desde sempre está imersa no universo das mídias, a forma de participar da política encontra outras faces. Nem sempre o jovem se insere na política institucionalizada, no entanto, a juventude pratica ações que, por si mesmas, são políticas. Como afirma Martino: “Eu acho que o jovem de hoje é bem mais politizado do que parece, mas não é uma politização tradicional. Porque a ideia de politização mudou. Hoje existem questões políticas ligadas à identidade, por exemplo, que não são políticas partidárias, mas são ações politizadas.”

 

Embora as redes sociais possam ser tóxicas em alguns casos, elas também moldam a maneira como a juventude enxerga seu papel na sociedade e participa das ações políticas: “Hoje eu vejo os jovens muito mais conscientes do seu lugar no mundo, mais do que talvez as gerações passadas, e isso se dá também pelas redes sociais”, destaca.

O professor Luís Mauro abordou as origens históricas das divisões entre direita e esquerda no mundo, o impacto dessas divisões no Brasil e como elas afetam a polarização política no país: 

Polarização Política no Brasil com Luís Mauro
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O papel dos jovens nas ruas

Por Luma de Paula

As manifestações e protestos desempenham um papel fundamental na política, agindo como um canal direto para que a população se expresse e reivindique direitos. Para a juventude, em especial, a ida às ruas representa uma oportunidade de não apenas exercer cidadania, mas também de lutar por um futuro mais justo e igualitário.

 

Beatriz Ponça, de 23 anos, coordenadora de pastoral em um colégio católico, acredita que a militância jovem é essencial para a mudança social. Ela começou sua jornada no movimento estudantil, durante as ocupações das escolas em São Paulo, contra a reforma do ensino médio. “A manifestação é uma oportunidade de usar o espaço das ruas para gerar repercussão midiática e alcançar outras pessoas. É também uma forma de dialogar com a própria população e de pressionar quem nos representa no legislativo”, afirma.

 

Para muitos jovens, as manifestações representam um ponto de virada, onde a indignação se transforma em ação coletiva. Beatriz explica que foi em um desses momentos de luta estudantil que ela se despertou para a militância. "Foi nas ocupações das escolas que eu entendi o poder de estarmos juntos, de fazermos barulho por algo que acreditamos. Aquelas semanas me ensinaram que a mudança não vem apenas dos governantes, mas das pessoas que estão dispostas a lutar por ela," reflete.

 

As questões levantadas pelos jovens manifestantes vão muito além das demandas imediatas. Eles trazem para as ruas pautas que refletem um desejo de uma sociedade mais inclusiva e igualitária. Entre essas causas, Beatriz destaca a luta por um trabalho digno, especialmente com o crescimento do trabalho informal.

 

 

 

O engajamento político dos jovens, além de pressionar por mudanças concretas, também busca chamar a atenção de quem passa pelos locais de manifestação. Cada protesto é um ato de resistência e um lembrete visível de que as demandas sociais não podem ser ignoradas. Para Beatriz, a presença nas ruas é um convite à reflexão: "Quando ocupamos as ruas, queremos que as pessoas nos vejam, que parem e pensem: ‘por que esses jovens estão aqui? O que eles têm a dizer?’ É uma tentativa de diálogo com toda a sociedade," explica.

 

Outro ponto importante, segundo Beatriz, é a força simbólica das manifestações. Mesmo que uma passeata não resulte em uma mudança imediata, ela tem o poder de inspirar outras gerações e fortalecer movimentos futuros. "A gente sabe que nem sempre o resultado é o que desejamos, que nem tudo muda da noite para o dia. Mas cada passo que damos é parte de uma história maior, de uma construção coletiva que aos poucos transforma a sociedade," reflete Beatriz.

 

A caminhada dos jovens nas ruas, contudo, não está livre de obstáculos. Muitos enfrentam a pressão de um sistema que exige dedicação total ao trabalho e, por isso, têm dificuldade em participar ativamente. “Infelizmente, nem todos podem estar presentes. Muitos precisam escolher entre se manifestar e manter seus empregos. Isso enfraquece a força das mobilizações, pois as camadas mais afetadas pelas injustiças nem sempre conseguem participar,” lamenta Beatriz.

 

Beatriz acredita que os protestos são uma ferramenta essencial de transformação social, mas reconhece que há desafios. Ela observa que, nos últimos anos, a esquerda tem perdido força nesse campo, enquanto movimentos de direita têm mobilizado pessoas com maior frequência. “Infelizmente, a população muitas vezes não consegue ir para as ruas. Os movimentos sociais também nem sempre abraçam as causas rapidamente, o que pode enfraquecer o movimento”, ressalta.

 

Beatriz acredita que as manifestações são uma das formas mais eficazes de pressionar o sistema e dar visibilidade às pautas populares. Ela enfatiza que o ideal é atingir vários níveis: “A manifestação eficaz é aquela que alcança a população, gera repercussão na mídia e pressiona os representantes no poder. Esse tripé é o que pode realmente incomodar e forçar uma transformação,” analisa.

O jovem de hoje enfrenta uma realidade difícil, de trabalhos precarizados que não oferecem direitos básicos. Isso afeta não só a nossa condição de vida, mas também nossas perspectivas de futuro. O que queremos é poder construir um projeto de vida, sem precisar sacrificar nosso tempo e nossa saúde”

Passeata das cem mil, Rio de Janeiro, RJ - 1968 / Foto: Ensinar História
Comícios das Diretas Já - 1984 / Foto: Carta Capital
Impeachment de Collor - 1992 / Foto: Juca Martins
Protestos contra o aumento da passagem - 2013 / Foto: Guia do Estudante
Manifestações das mudanças climáticas - 2024 / Foto: Agência Brasil

Elas no poder

Por Luma de Paula

A participação das mulheres na política brasileira tem avançado, mas ainda de forma lenta. Dados recentes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)  mostram que, embora representem 52% da população, as mulheres ocupam apenas cerca de 17% das cadeiras no Congresso Nacional. Esse número coloca o Brasil em uma posição desfavorável em relação à média global de representatividade feminina, que está em torno de 25% segundo a União Interparlamentar (UIP). Em comparação com países da América Latina, como Argentina e México, onde a representatividade feminina no parlamento ultrapassa 40%, o Brasil ainda enfrenta desafios significativos.

No âmbito estadual, as estatísticas também revelam desigualdade: em 2022, apenas 3 das 27 unidades federativas do Brasil elegeram mulheres como governadoras, e elas representam aproximadamente 15% dos assentos nas assembleias legislativas estaduais. Esses números reforçam que, embora as mulheres tenham conquistado espaços importantes, a sub-representação feminina nas instâncias de decisão ainda é uma realidade que impacta diretamente na criação de políticas públicas mais inclusivas e equilibradas.

 

A baixa presença de mulheres não é apenas uma questão de falta de candidaturas, mas também de desafios estruturais. Segundo o TSE, em 2020, embora o número de candidatas tenha alcançado cerca de 34% do total de registros, as eleitas representaram apenas 15% das prefeituras e 16% das câmaras municipais. Além disso, mesmo com a exigência de cotas de 30% para candidaturas femininas, vemos ainda poucas candidaturas de mulheres em alguns partidos políticos.

 

Em termos de participação global, o Brasil ainda tem muito a evoluir. Enquanto países como Ruanda, com 61% de mulheres no parlamento, e Bolívia, com 53%, lideram em igualdade de gênero nas casas legislativas, o Brasil permanece atrás, mesmo com avanços modestos nas últimas décadas.

 

A inclusão de mulheres na política é essencial não apenas por questões de representatividade, mas também porque sua presença tende a impulsionar pautas essenciais para a igualdade social, como direitos reprodutivos, combate à violência de gênero e promoção da igualdade salarial. Pesquisas indicam que parlamentares mulheres frequentemente priorizam políticas públicas voltadas ao bem-estar social, reforçando a necessidade de sua presença em decisões que impactam a sociedade.

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Acompanhe a entrevista com a Letícia Lé, a covereadora da Bancada Feminista do PSOL!

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Escute a playlist criada para ampliar o repertório com músicas de protesto e de engajamento político. A seleção reúne canções marcantes de artistas que fizeram história, dando voz às lutas sociais e à transformação da sociedade. Uma oportunidade de refletir, aprender e se inspirar por meio da música!

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Nosso Time

Estudantes do 5º semestre de Jornalismo na FAPCOM.

Somos estudantes de Jornalismo e, assim como muitos jovens, enfrentamos desafios para entender a política em suas dimensões. Por isso, criamos este projeto com o objetivo de tornar esses conceitos mais claros e acessíveis. Nosso foco é apresentar informações de forma simples e objetiva, sem termos complicados ou confusos. Durante o desenvolvimento, aprendemos muito e esperamos que nosso trabalho ajude outros jovens a se aproximarem da política de maneira prática e descomplicada.

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